sábado, 7 de janeiro de 2012

Sonhei com você...



Uma última olhada e nada...
Nem uma gota de água surgiu além do rio...
E como se ainda não fosse fluida...
Afoguei-me em tanta lucidez...

Demorei a aceitar que já estava no rio, sozinha, há muito tempo...
Não via os peixes ao meu redor nem as pedras em que ia batendo por não aceitar a verdade...
Percorri longos caminhos sem nada ver...
E você nada fez para tentar deter ás águas que me levavam...
Mas hoje, despertei do transe, foi preciso um sonho...

Um sonho tão real que me atordoou e me acordou...

Como a água escorre entre os dedos, escorri pra fora do seu mundo...
Flui entre teus dedos até secar, lentamente...
Sem perceber como ou quando me deixaste esvair-me completamente...
Como me fez tão rapidamente evaporar totalmente da sua vida...
Dos seus pensamentos do seu coração...

E hoje, somente hoje dei-me conta que não posso fazer o caminho inverso...
E voltar a fluir na tua vida, como vinha tentando insistentemente...
Não posso mais esperar você ir me buscar na nascente do rio novamente...
Percebi que não vou mais nascer, nem brotar entre tuas mãos...
Você deliberadamente abriu as mãos para que nosso amor, como se fosse água...
Escorre-se rumo ao rio, e nunca mais pudesse voltar...

E parte o rio, sem parar...
Onde agora não posso mais ser recolhida em nenhuma nascente...
E mesmo que tentes, não poderei ser encontrada novamente...
Agora, faço parte da imensidão azul do mar, e não mais de você...

Catarina Omundo - 06.01.2012

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